A jornalista Mariane Belasco
e fotógrafa Ana Paula Polastri atuam no futebol
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Jornalista Mariane Belasco e fotógrafa Ana Paula Polastri
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O dia 8 de março, quando se
comemora o Dia Internacional da Mulher, é um grande marco para o universo
feminino. Foi à data em que conquistaram o direito de igualdade ao voto e há 80
anos dividem esta condição com os homens. Porém, as conquistas comemoradas
nesta data vão muito além. Com o passar dos anos, as mulheres firmam-se cada
vez mais em profissões, que antes eram tidas apenas como masculinas.
A cada ano elas são
inseridas nas mais diversas profissões oferecidas pelo mercado de trabalho,
nunca deixando de lado a delicadeza e vaidade para exercer suas funções. Apenas
tendo como segredo dedicar-se ao máximo e gostar do que faz.
E no jornalismo esportivo
não é diferente. Elas estão cada vez mais presentes nas redações dos veículos
de comunicação e, assim como os homens, analisam, informam, torcem e dão seus
“pitacos”. Casos da jornalista Mariane Belasco, de 28 anos, e de sua
companheira de jornada esportiva, a fotógrafa Ana Paula Polastri, de 25 anos.
Juntas, elas são as únicas
mulheres que atuam na cobertura dos campeonatos amadores da cidade, pelo Jornal
Tribuna de Indaiá. Seja sábado ou domingo, lá estão elas nos campos de futebol,
com bloquinho, caneta e máquina fotográfica na mão, dividindo o espaço que
antes era considerado “local” apenas para homens.
Natural de Tietê, a primeira
vez que Ana pisou num campo de futebol foi há um ano, quando iniciou a sua
primeira experiência num jornal impresso. O nervosismo da estreia, as cantadas
dos homens e o preconceito foram os principais obstáculos. “Muitas vezes,
jogadores e torcedores acabam dando em cima de você. Mas temos que mostrar que
somos profissionais e, por gostar do que fazemos, somos obrigados a tolerar
este tipo de situação”, ressalta.
A jornalista Mariane Belasco
conta que a primeira oportunidade de falar sobre esporte foi em 2004, quando
atuava na TV Convenção da cidade de Itu. Entretanto, como estagiária, fazia
apenas matérias sobre outras modalidades esportivas, nunca de futebol.
Mas a grande estreia da
jornalista na cobertura do futebol surgiu naquelas oportunidades raras que a
vida proporciona. Mariane não se lembra de quem era o adversário, mas se
recorda que era uma partida da Série C do Campeonato Brasileiro, num jogo do
Ituano.
A jornalista conta que neste
dia o comentarista esportivo da Rádio Convenção, também de Itu, não iria poder
trabalhar na partida, com isso a vaga estava em aberto naquele jogo. “Todos
falaram brincando para eu ir e, apesar de dizer que não iria, acabei indo”,
conta. “Foi uma experiência interessante, mas estava muito nervosa, gaguejei
muito, fiz alguns comentários que não condiziam com a realidade da partida”.
Depois da experiência, a
jornalista continuou indo nas partidas do time e sempre ficava ao lado da
cabine de rádio. “Acabou tornando-se um hobby. Durante a transmissão dos jogos,
eu era convidada para comentar o jogo, era muito bom. Às vezes vinha algum
ouvinte criticar, mas eu tinha total apoio da equipe da rádio”, lembra. Depois
da rádio, a jornalista atuou por um ano na editoria de esportes do Jornal Votura,
de Indaiatuba, até chegar ao Jornal Tribuna de Indaiá.
Assim como a fotógrafa,
Mariane reconhece que as cantadas também eram corriqueiras. Ela conta que as
pessoas ligadas a organização dos campeonatos a respeitam, mas sempre tem um
torcedor ou jogador que fazem questão de desvincular o trabalho. “Já fui
xavecada por um jogador, mas fingi que não escutei e prossegui com a
entrevista. No começo em Indaiatuba foi mais complicado, mas como o passar do
tempo o pessoal já vai se acostumando com você, começa a te respeitar mais. Mas
considero tudo isso normal”, diz.
Preconceito
Cada vez mais inseridas no
mercado de trabalho e presença constantes nos campos de futebol, a jornalista
Mariane Belasco ressalta que o preconceito machista ainda existe. “O grupo de homens
que atuam no jornalismo esportivo ainda é muito fechado e certamente é um
desafio mais para nós mulheres. Somos obrigadas a saber um pouco mais do que
eles”, acredita. “Fora da imprensa, tem muita gente que tenta te intimidar. Mas
o meu segredo é sempre atuar com seriedade e ter voz ativa”.
Para a fotógrafa Ana Paula
Polastri, a presença das mulheres dos campos de futebol e outras praças
esportivas tende a crescer cada vez mais. “Acredito que é uma tendência, pois
nós mulheres temos mais sensibilidade, um olhar mais clínico sobre os
acontecimentos. Apesar do preconceito machista, que ainda é muito evidente nas
praças esportivas, temos que mostrar que somos talentosas e a força de vontade
sempre prevalece”, lembra.
Agradecimentos: Jornal
Tribuna de Indaiás e Esporte Clube Primavera.
Matéria na integra no site da AIFA