quarta-feira, 29 de agosto de 2012

AS DESBRAVADORAS NO FUTEBOL NÃO PROFISSIONAL DE INDAIATUBA.


A jornalista Mariane Belasco e fotógrafa Ana Paula Polastri atuam no futebol

Jornalista Mariane Belasco e fotógrafa Ana Paula Polastri


O dia 8 de março, quando se comemora o Dia Internacional da Mulher, é um grande marco para o universo feminino. Foi à data em que conquistaram o direito de igualdade ao voto e há 80 anos dividem esta condição com os homens. Porém, as conquistas comemoradas nesta data vão muito além. Com o passar dos anos, as mulheres firmam-se cada vez mais em profissões, que antes eram tidas apenas como masculinas.

A cada ano elas são inseridas nas mais diversas profissões oferecidas pelo mercado de trabalho, nunca deixando de lado a delicadeza e vaidade para exercer suas funções. Apenas tendo como segredo dedicar-se ao máximo e gostar do que faz.

E no jornalismo esportivo não é diferente. Elas estão cada vez mais presentes nas redações dos veículos de comunicação e, assim como os homens, analisam, informam, torcem e dão seus “pitacos”. Casos da jornalista Mariane Belasco, de 28 anos, e de sua companheira de jornada esportiva, a fotógrafa Ana Paula Polastri, de 25 anos.

Juntas, elas são as únicas mulheres que atuam na cobertura dos campeonatos amadores da cidade, pelo Jornal Tribuna de Indaiá. Seja sábado ou domingo, lá estão elas nos campos de futebol, com bloquinho, caneta e máquina fotográfica na mão, dividindo o espaço que antes era considerado “local” apenas para homens.

Natural de Tietê, a primeira vez que Ana pisou num campo de futebol foi há um ano, quando iniciou a sua primeira experiência num jornal impresso. O nervosismo da estreia, as cantadas dos homens e o preconceito foram os principais obstáculos. “Muitas vezes, jogadores e torcedores acabam dando em cima de você. Mas temos que mostrar que somos profissionais e, por gostar do que fazemos, somos obrigados a tolerar este tipo de situação”, ressalta.

A jornalista Mariane Belasco conta que a primeira oportunidade de falar sobre esporte foi em 2004, quando atuava na TV Convenção da cidade de Itu. Entretanto, como estagiária, fazia apenas matérias sobre outras modalidades esportivas, nunca de futebol.

Mas a grande estreia da jornalista na cobertura do futebol surgiu naquelas oportunidades raras que a vida proporciona. Mariane não se lembra de quem era o adversário, mas se recorda que era uma partida da Série C do Campeonato Brasileiro, num jogo do Ituano.

A jornalista conta que neste dia o comentarista esportivo da Rádio Convenção, também de Itu, não iria poder trabalhar na partida, com isso a vaga estava em aberto naquele jogo. “Todos falaram brincando para eu ir e, apesar de dizer que não iria, acabei indo”, conta. “Foi uma experiência interessante, mas estava muito nervosa, gaguejei muito, fiz alguns comentários que não condiziam com a realidade da partida”.

Depois da experiência, a jornalista continuou indo nas partidas do time e sempre ficava ao lado da cabine de rádio. “Acabou tornando-se um hobby. Durante a transmissão dos jogos, eu era convidada para comentar o jogo, era muito bom. Às vezes vinha algum ouvinte criticar, mas eu tinha total apoio da equipe da rádio”, lembra. Depois da rádio, a jornalista atuou por um ano na editoria de esportes do Jornal Votura, de Indaiatuba, até chegar ao Jornal Tribuna de Indaiá.

Assim como a fotógrafa, Mariane reconhece que as cantadas também eram corriqueiras. Ela conta que as pessoas ligadas a organização dos campeonatos a respeitam, mas sempre tem um torcedor ou jogador que fazem questão de desvincular o trabalho. “Já fui xavecada por um jogador, mas fingi que não escutei e prossegui com a entrevista. No começo em Indaiatuba foi mais complicado, mas como o passar do tempo o pessoal já vai se acostumando com você, começa a te respeitar mais. Mas considero tudo isso normal”, diz.

Preconceito

Cada vez mais inseridas no mercado de trabalho e presença constantes nos campos de futebol, a jornalista Mariane Belasco ressalta que o preconceito machista ainda existe. “O grupo de homens que atuam no jornalismo esportivo ainda é muito fechado e certamente é um desafio mais para nós mulheres. Somos obrigadas a saber um pouco mais do que eles”, acredita. “Fora da imprensa, tem muita gente que tenta te intimidar. Mas o meu segredo é sempre atuar com seriedade e ter voz ativa”.

Para a fotógrafa Ana Paula Polastri, a presença das mulheres dos campos de futebol e outras praças esportivas tende a crescer cada vez mais. “Acredito que é uma tendência, pois nós mulheres temos mais sensibilidade, um olhar mais clínico sobre os acontecimentos. Apesar do preconceito machista, que ainda é muito evidente nas praças esportivas, temos que mostrar que somos talentosas e a força de vontade sempre prevalece”, lembra.

Agradecimentos: Jornal Tribuna de Indaiás e Esporte Clube Primavera.
Matéria na integra no site da AIFA

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